
Fotos: Diangela Menegazzi
Redação Portal Fatos do Iguaçu com Assessoria
Com o lema “Semeando vida para enfrentar a crise ambiental”, teve início nesta segunda-feira (2), a 3ª edição da Jornada da Natureza, promovida pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que se estende até o dia 7 de junho. O evento reúne ações práticas e formativas voltadas à emergência climática, agroecologia e conservação da natureza, com a participação de comunidades camponesas e tradicionais em dezenas de municípios paranaenses.
A programação teve início na Comunidade Dom Tomás Balduíno, em Quedas do Iguaçu, com um seminário reunindo agricultores, pesquisadores e ambientalistas para a apresentação de estudos científicos relacionados ao cultivo da palmeira juçara em áreas da reforma agrária.
Durante a abertura, o dirigente estadual do MST, Roberto Baggio, fez críticas ao chamado “PL da Devastação”, já aprovado no Congresso Nacional, e defendeu o reflorestamento como resposta à crise climática. “Precisamos de leis que protejam a Terra e que estimulem a sociedade brasileira a plantar milhões de árvores”, afirmou.
O evento contou com a presença de representantes do Ministério do Meio Ambiente, IBAMA, Embrapa, universidades e movimentos sociais parceiros. Daniel Peter, da Secretaria Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais do MMA, elogiou a iniciativa. “A Jornada é um exemplo que deve ser espalhado para todo o país. É uma aposta acertada do MST”, declarou, ressaltando o compromisso do governo federal com a restauração de 12 milhões de hectares de florestas no Brasil.
Semeadura Aérea e Pesquisas em Andamento 5l2u3g
O ponto alto da Jornada será a semeadura aérea de 21 toneladas de sementes de palmeira juçara, planta nativa da Mata Atlântica em risco de extinção. A ação será realizada com apoio de um helicóptero da Polícia Rodoviária Federal (PRF), parceira do projeto desde sua primeira edição.
A pesquisa científica apresentada durante o seminário destaca a viabilidade e a eficácia do método de semeadura aérea. A mestranda Giovana de Deus Carriel, da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), estuda a germinação das sementes lançadas na edição anterior da Jornada e os impactos do reflorestamento em áreas de assentamento. Segundo dados preliminares, o retorno financeiro pode chegar a R$ 100 mil por ano por hectare plantado com juçara.
A professora Manuela Pereira, coordenadora do laboratório Vivan de Sistemas Agroflorestais da UFFS, destacou o papel da universidade na construção coletiva do conhecimento com as comunidades. “É um processo participativo que reforça o compromisso da ciência com a sociedade”, afirmou.
Ações por Todo o Estado 2l1m4r
A programação se estende por municípios como Nova Laranjeiras, Antonina, Rio Bonito do Iguaçu e Lapa, com atividades que incluem:
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Plantios coletivos de mudas nativas;
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Oficinas práticas sobre agrofloresta, manejo do solo e recuperação de nascentes;
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Produção de erva-mate, prevenção à deriva de agrotóxicos e à influenza aviária;
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Atividades culturais e atos políticos em defesa da natureza.
O encerramento da Jornada acontecerá no Assentamento Contestado, em Lapa, com a inauguração de um viveiro de mudas e um horto medicinal, com capacidade para produzir 100 mil mudas ao ano. A iniciativa faz parte do projeto Bem Viver, desenvolvido pelo Instituto Contestado de Agroecologia (ICA) em parceria com a Itaipu Binacional, por meio do programa Mais que Energia, alinhado às políticas do governo federal.
A 3ª Jornada da Natureza integra a Jornada Nacional em Defesa da Natureza e seus Povos, reforçando a proposta da Reforma Agrária Popular como modelo de enfrentamento à crise ambiental e construção de alternativas sustentáveis para o campo.